Impressão directa
Processo de
impressão fotográfico, em que a imagem é obtida por sobreposição de um negativo
a um suporte revestido com uma emulsão fotossensível, sendo expostos
simultaneamente a uma fonte de luz. Neste tipo de processos fotográficos, as
emulsões utilizadas são especialmente sensíveis à luz ultravioleta, cuja melhor
fonte é o Sol.
Na impressão
directa, não ocorre ampliação do negativo sendo necessário que as suas
dimensões sejam as mesmas da imagem final.
Para a sua execução, recorre-se normalmente a uma
prensa de impressão para garantir o contacto preciso entre o negativo e o
suporte durante a exposição.
Na maior parte
deste tipo de processos a prova é obtida sem a necessidade de revelação, no sentido químico e
fotográfico do termo, porque a imagem obtida é visível após a exposição directamente
no suporte, não existindo imagem latente.
Para completar o processo, é apenas necessária uma lavagem ou uma fixação
seguida de lavagem, conforme o processo.
Para alterar a
cor final ou para efeitos de preservação da imagem, é executado um processo de viragem.
Suporte
Substrato onde
é aplicada a emulsão fotossensível. Normalmente é utilizado papel de boa
qualidade, mas também pode ser utilizado tecido ou outro material que tenha
aderência suficiente para “prender” a emulsão. No caso de negativos, é
utilizado vidro previamente preparado.
A selecção dos
papéis não é simples e requer algum conhecimento sobre a sua constituição e
processo de fabrico. Há diversas características dos papéis que além de
afectarem o aspecto visual da prova, podem inviabilizar determinados processos
e condicionarem a sua longevidade.
Papel
Enquanto
material largamente utilizado como suporte para a realização de fotografias, o
conhecimento das suas características e processos de fabrico é de vital
importância para o sucesso da técnica aplicada.
Por princípio
devem ser utilizados papéis de elevada gramagem para garantirem resistência
mecânica aos diversos banhos.
A sua
constituição deve ser feita à base de materiais quimicamente inertes, de forma
a evitar interacção química com as emulsões. Normalmente, os papéis feitos à
base de fibras naturais como o algodão são os mais indicados. Papéis à base de
celulose devem ser evitados, já que contêm lenhina, uma substância que produz
amarelecimento e pode reagir com as emulsões.
Outros factores químicos a ter em conta na selecção
de um papel são a ausência de branqueadores ópticos e de enxofre.
Os papéis
actuais para aplicação destas técnicas têm a indicação de livre de ácidos, mas
isso não é tudo, já que alguns têm reserva alcalina para garantir a sua
longevidade. Esta reserva alcalina pode por em causa a realização de alguns
processos que ocorrem em meio ácido, como é o caso da cianotipia.
As características físicas do papel têm enorme
importância no resultado final das provas. A uniformidade da espessura e do
grão natural são aspectos importantes porque fazem com que a secagem não seja
uniforme induzindo problemas de manutenção de registo nos processos que dele
necessitam.
A textura
também deve ser tida em conta, porque papéis com elevada textura não reproduzem
os detalhes da mesma forma que papeis mais lisos. As variedades encontradas no
mercado têm as indicações de “Hot Pressed” para papéis calandrados a quente com
textura fina; “Cold Pressed” para papéis calandrados a frio, apresentando alguma
textura; “Not” para papéis não calandrados, com uma textura bem marcada.
A forma como os papéis encurvam na fase de
secagem das provas também é um factor para a sua selecção.
Existem ainda
papéis sintéticos especializados para impressão e para trabalho com técnicas
húmidas, com larga aplicação neste tipo de processos fotográficos, mas
infelizmente não me foi possível até ao momento encontrá-los no mercado
retalhista nacional.
Resumindo, a
única forma de conhecer o melhor papel para determinado processo é
experimentando.
Encolagem
Camada de
revestimento do papel que garante a homogeneidade e o isolamento da sua superfície.
Esta camada superficial evita que a emulsão penetre nas fibras do papel,
criando um efeito de mata-borrão. Esta camada que era feita a partir de amido
ou gelatina no passado, é hoje em dia, na maior parte dos papéis
comercializados, feita a partir de colofónia, uma resina ácida e/ou de sulfato
de alumínio, também ácido, provocando o amarelecimento dos papéis ao longo do
tempo. Para os processos fotográficos, estes materiais não servem sendo
essencial verificar essas características.
Nalguns processos fotográficos é necessário
reforçar a camada existente no papel recorrendo a gelatina, amido, albumina ou
acrílico, entre outros possíveis materiais, para garantir a superfície ideal
para determinado processo. A selecção dos materiais e do número de camadas de
encolagem depende essencialmente do processo fotográfico utilizado.
Emulsão
Substâncias
químicas em solução, que quando combinados criam uma mistura fotossensível.
Esta solução é aplicada sobre um suporte, seca e posteriormente exposta à luz.
Após um tratamento adequado, cria uma imagem fotográfica.
Para além da
sua constituição química, uma emulsão caracteriza-se pela sua velocidade, ou
seja, pelo maior ou menor tempo de exposição necessário para haver impressão.
Nem todas as emulsões necessitam do mesmo tempo de exposição, sendo umas mais
rápidas que outras.
Outra
característica importante das emulsões é a sua sensibilidade espectral, ou seja
a sua capacidade de reagir quimicamente a diferentes comprimentos de onda de radiação.
Há emulsões específicas para raios-X, emulsões para responderem às zonas de luz
azul, verde e amarela, deixando de fora o vermelho (ortocromáticas), outras
para responderem a todo o espectro de luz visível (pancromáticas), outras ainda
para a radiação infravermelho, outras para o ultravioleta…A cada uma delas
corresponde uma função e uma necessidade, de que a radiografia é um bom
exemplo.
Neste
contexto, refiro-me a emulsões feitas pelo próprio fotógrafo, para obter as
suas provas ou fazer os seus próprios negativos para aplicações artísticas, não
para uso comercial, industrial ou científico.
As emulsões
para estas técnicas são normalmente lentas e especialmente sensíveis à luz
ultravioleta. A melhor fonte de luz para a sua sensibilização é o Sol, embora
se possam utilizar fontes de luz ricas em radiação ultravioleta, como é o caso
de algumas lâmpadas para uso industrial, médico ou cosmético.
As misturas
para criar soluções fotossensíveis nem sempre são executadas fora do suporte,
por vezes a reacção química que sensibiliza a emulsão tem lugar directamente
sobre uma encolagem prévia onde os primeiros reagentes são disseminados e
posteriormente sensibilizados com uma segunda solução. Algumas emulsões
permitem controlar o nível de contraste obtido por selecção do método de
revelação, da escolha da fonte de luz ou da adição de determinados químicos à
própria emulsão.
Revestimento (coating)
Trata-se da
fase do processo em que a emulsão é aplicada sobre o suporte. Existem várias
formas de execução, podendo ser aplicada por pincel, por rolo de vidro, por
rolo de espuma ou por flutuação. Cada uma das técnicas é função do processo, do
gosto e da habilidade manual do autor. Esta fase é de elevada importância, devido
há necessidade de garantir a homogeneidade da emulsão sobre a superfície e
evitar lacunas que se tornaram visíveis na prova. Há ainda a referir os casos
de emulsões com metais nobres, onde o custo de emulsão desperdiçada é
significativo, exigindo cuidados especiais em relação à área a revestir e ao
método de revestimento.
Negativo
Podemos definir negativo como sendo a imagem fotografada através
dos meios convencionais, impressa num suporte transparente, e com as suas
tonalidades invertidas.
O negativo
resulta da exposição à luz de um filme fotográfico, substrato + emulsão, em que
a imagem visualizada após um processo de revelação, fixação e lavagem, tem as
tonalidades invertidas relativamente à imagem real visualizada. O substrato é
transparente para permitir a passagem da luz no processo de impressão da prova.
Por imagem invertida deve compreender-se a existência ou ausência de emulsão de
forma inversamente proporcional à quantidade de luz que chegou ao filme durante
a exposição. As zonas que não receberam luz ficam transparentes, enquanto as
zonas que foram fortemente iluminadas ficam opacas. Nos filmes convencionais a
preto e branco, as zonas intermédias, chamadas de meios-tons, escurecem
proporcionalmente à luz recebida, dando origem, na prova, aos diversos tons de
cinzento. Chama-se densidade de um negativo à quantidade relativa de matéria
ainda presente no filme após o processamento e contraste à diferença entre o
tom mais escuro e o mais claro que se encontram no negativo ou na prova.
No caso dos
negativos a cores, o princípio é semelhante, apenas com a diferença que estes
englobam tipos de emulsão com corantes diferentes para cada zona de cor do
espectro, ou têm reagentes que se sensibilizam de forma diferente para cada
cor.
O negativo dá
origem a uma prova positiva, ou seja, na prova a representação de tonalidades
corresponde à imagem visualizada, por projecção ou por contacto com a emulsão
da prova (positivo). Por essa razão, podem-se obter quantas cópias sejam
necessárias de um mesmo negativo. Um sistema de projecção permite ampliar o
tamanho da imagem que pode chegar, sem grande perda de qualidade até cerca de
10 vezes o tamanho do negativo, sendo necessárias emulsões extremamente
sensíveis e um sistema óptico para a sua realização, normalmente um ampliador.
No caso das
técnicas aqui referidas, a sensibilidade das emulsões não permite a utilização
da ampliação como técnica de execução da prova, pelo que se recorre ao processo
de impressão por contacto, ou directa. Para isso, o negativo tem de ter a mesma
dimensão da prova, o que não era tarefa fácil até há algum tempo atrás. De
facto, era necessário recorrer a negativos de grande formato, que tinham de ser
expostos em câmaras adequadas e com custos a variarem exponencialmente em
relação ao formato padrão de 35mm. Outra possibilidade era fazer internegativos
por ampliação sobre filme de maior formato, mas o processo é moroso e também
caro. Hoje, graças às possibilidades tecnológicas, facilmente se pode obter uma
impressão de um negativo sobre película transparente a partir de uma imagem
digitalizada através de um scanner ou obtida directamente com uma câmara
digital.
O processo
negativo/positivo teve a sua origem na descoberta de William Fox Talbot, em
1836, num processo chamado Calótipo, em que um pedaço de papel impregnado com
uma emulsão fotossensível era exposto dentro de uma câmara fotográfica. Este
papel, após o tratamento químico para obtenção da imagem, era submetido a um
tratamento com cera de abelha ou óleo mineral para adquirir transparência,
servindo de negativo para impressão de provas por contacto.
Exposição
Neste
contexto, refiro-me à exposição que dará origem a uma prova, não à exposição de
um negativo dentro de uma câmara fotográfica.
É a fase do
processo em que o negativo e o suporte emulsionado são expostos à acção da luz,
durante um determinado período de tempo, para que esta actue quimicamente sobre
a emulsão. O tempo de exposição é função da sensibilidade da emulsão, sendo
maior quanto menor for a sensibilidade da emulsão. Normalmente, para se
determinar o tempo correcto de exposição é necessário proceder a testes com
tempos diferentes de exposição e observar os resultados obtidos, escolhendo o
tempo mais adequado para a realização da prova final.
Imagem latente
Trata-se do
efeito da luz sobre algumas emulsões fotográficas de que é exemplo o processo
tradicional de preto e branco, em que os sais de prata que estão dispersos na
emulsão, em partículas microscópicas, são reduzidos por acção da luz a prata
metálica, originando uma imagem que apesar de existir ainda não é visível a
olho nu, mas que é possível observar utilizando um microscópio. Essa imagem tem
o nome de imagem latente, e para a tornar visível é necessário ampliar o efeito
de redução dos sais de prata através da acção de um agente revelador.
Revelação
O termo
revelação, aplicado nalgumas técnicas fotográficas de impressão pode ter um
sentido diferente do tradicional, já que nem sempre existe imagem latente, não sendo necessária uma reacção química extra
(revelação) para mostrar a imagem. A imagem já existe, bastando proceder a uma
lavagem ou a uma lavagem seguida de fixação, conforme o processo. Nestes
processos, todos os produtos sensíveis à luz reagem, devido ao longo tempo de
exposição.
Há contudo
processos em que a revelação da prova é necessária, nomeadamente naqueles em
que existe prata ou outros metais nobres, como é o caso da platinotipia.
Fixação
Alguns
processos, nomeadamente os que utilizam prata, requerem uma fase de fixação
para neutralizar os sais ainda fotossensíveis presentes na emulsão, já que nem
todos sofreram redução devido à luz ou à revelação. Assim, caso não houvesse
fixação, a imagem final ainda estaria com alguma sensibilidade à luz, causando
o seu rápido escurecimento.
A substância normalmente
utilizada para este procedimento é o hipossulfito de sódio, também conhecido
como tiossulfato de sódio, que reagindo com os sais não reduzidos, forma complexos
químicos solúveis em água, permitindo a sua remoção.
Lavagem
A presença no
suporte de substâncias químicas resultantes do processo como subproduto, ou do
excesso de reagentes ainda activos, requer a lavagem final da prova. A operação
de lavagem é de extrema importância para a permanência da imagem, já que ela
elimina os agentes que caso não fossem eliminados, a iriam degradar. O tempo de
lavagem pode ser maior ou menor, em função do suporte utilizado, do processo e
da técnica de lavagem utilizada. Nos processos em que não há uma encolagem do
suporte, a emulsão tende a penetrar nas fibras dificultando a remoção dos
agentes químicos indesejáveis, prolongando a lavagem ou necessitando da
utilização de outros químicos para neutralizar a sua acção.
Viragem
Processo que
visa alterar a cor final e melhorar a durabilidade de uma prova fotográfica.
Com a viragem, além da alteração de cor, também se garante a permanência, porque
as substâncias químicas que constituem a imagem podem não ser completamente
estáveis, podendo ainda reagir com o meio ambiente. Para haver a garantia de
uma permanência prolongada, essas substâncias devem ser transformadas
quimicamente em substâncias mais estáveis.
A viragem pode ser executada
antes ou depois da fixação, conforme os processos e as tonalidades finais
pretendidas. Há uma infinidade de produtos e receitas para fazer viragens, o
que só por si justificaria um livro. Normalmente, os processos com emulsões à
base de prata sofrem viragens a ouro, platina/paládio ou selénio, já que estes
metais apresentam maior estabilidade química à oxidação do que a prata. Nos
processos com emulsões à base de ferro, utiliza-se geralmente o ácido tânico,
quer em solução, quer presente em diversas substâncias mais ou menos
familiares, como o café, o chá, o vinho ou a urina de gato…
Nem todos os processos de viragem garantem
maior durabilidade, sendo alguns executados apenas por razões de obtenção de
determinadas tonalidades.
Edição variada
Dado o carácter
artesanal destas impressões é virtualmente impossível obter duas cópias
exactamente iguais do mesmo negativo. Por essa razão, sempre que se faz um
conjunto de cópias da mesma imagem, recorre-se ao conceito de edição variada, conceito
que reflecte as diferenças entre cópias.
Estes tipos de
impressão, produzindo cópias com ligeiras diferenças entre si, acabam por valorizar
cada exemplar que adquire assim o estatuto de exemplar único, o que, num certo
sentido, trai uma das principais características da fotografia: a
repetibilidade, contudo, sem a impedir completamente dá a cada exemplar o
estatuto da unicidade, característica típica das obras de arte.
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